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O terremoto de 8,8 graus que atingiu o Chile na madrugada deste sábado, matando ao menos 700, foi 900 vezes mais forte que o tremor que atingiu o Haiti no mês passado, que matou mais de 200 mil. Para especialistas, a diferença no número de vítimas é simples.O Chile é mais rico e infinitamente mais preparado, com regras rígidas para a construção, resposta de emergência eficiente e um longo histórico de catástrofes sísmicas. Já no Haiti, nenhum habitante tinha vivido um desastre desse porte antes do tremor de janeiro, que destruiu muitas habitações precárias. E desta vez, o Chile foi relativamente sortudo.
O terremoto deste sábado teve seu epicentro localizado a 34 quilômetros de profundidade, em uma área relativamente pouco populosa. No Haiti, o epicentro estava a apenas 13 quilômetros da capital Porto Príncipe, intensificando sua capacidade de destruição.
"Terremotos não matam e não causam danos se não há nada para ser atingido", disse Eric Calais, geofísico da Universidade de Purdue, que estuda o tremor ocorrido no Haiti.
O Centro de Pesquisas Geológicas dos EUA informou que oito cidades haitianas --incluindo a capital de 3 milhões de habitantes-- foram extremamente atingidas pelo terremoto de janeiro.
O governo haitiano estima que cerca de 220 mil pessoas morreram e outros 1,2 milhão ficaram sem casa. No Chile, os mortos até o momento são estimados em centenas.
Potência
Em relação à energia emitida pelo epicentro, segundo Calais, o tremor do Chile foi 900 vezes mais forte. No entanto, a energia se dissipa rapidamente conforme a distância do epicentro cresce. Além disso, o solo de Porto Príncipe é menos estável e "treme feito gelatina", de acordo com o geólogo Tim Dixon, da Universidade de Miami.
Além disso, ao contrário do Haiti, o Chile possui construções preparadas para os tremores, com estrutura de aço para suportar o impacto e locais para que a população se refugie.
"Quando você olha para a arquitetura chilena agora, você vê prédios danificados, mas você não vê uma destruição total, como no Haiti", disse Cameron Sinclair, diretor-executivo do grupo Arquitetura para a Humanidade, organização sem fins lucrativos que há dez anos ajudou 36 países a se recuperarem de tragédias naturais.
Haiti
Neste sábado, nas ruas de Porto Príncipe, muitas pessoas não sabiam do tremor no Chile.
Os cerca de 500 mil desabrigados, que ainda sofrem com a falta de eletricidade e comida, têm assuntos mais importantes para se preocupar.
Fanfan Bozot, 32, cantor de reggae que almoçava ao lado de um amigo, disse não confiar no governo para a distribuição de ajuda internacional, como alimentos e comida.
"O Chile tem um governo responsável. Nosso governo é incompetente", disse ele.
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