sábado, 9 de outubro de 2010

México: Um barril de pólvora


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Narcotráfico no México faz 230 mil deixar a cidade mais violenta do mundo.

Pelo menos 95% da população da fronteiriça Ciudad Juárez, no norte do México, vive com medo da violência promovida pelo narcotráfico, aponta um estudo realizado recentemente pela UACJ (Universidade Autônoma de Ciudad Juárez).

Em 2009, Ciudad Juaréz foi considerada a cidade mais violenta do mundo pelo Centro Cidadão de Segurança Pública da Cidade do México. No total, foram registrados 2293 assassinatos no ano passado e, considerando que a cidade tem pouco mais de 1,4 milhão de moradores, a taxa de homicídios chega a 130 para cada 100 mil habitantes. Esse número é 23 vezes maior que a taxa que a Organização Mundial de Saúde define como epidêmica.

Somente neste ano, mais de 2 mil mortes já foram registradas pelas autoridades mexicanas. Todos os crimes são atribuídos aos cartéis do narcotráfico, principalmente em decorrência da disputa pelo comando da região entre os cartéis de Juárez e de Sinaloa.

“Estamos em meio a uma crise social de violência que se reflete em mortes diárias, aumento do medo, diminuição da vida noturna da cidade, migração da população, extorsões e sequestros”, disse Toyes.

Grande parte da população que deixou a cidade –cerca de 54%-- atravessou a fronteira e foi morar nos Estados Unidos. Outros voltaram para suas cidades natais. De acordo com os dados, mais de 20 mil casas foram abandonadas em Ciudad Juárez, que fica no Estado de Chihuahua.

Segundo Toyes, as pessoas que ainda vivem em Ciudad Juárez tem investido uma quantidade significativa de seus rendimentos na proteção dos bens da família, como na instalação de cercas elétricas ou altos muros em volta de suas casas.

“Percebemos que ao anoitecer a cidade se torna mais incerta. Na opinião de alguns especialistas em saúde, têm aumentado os casos de pacientes com sintomas de ansiedade, medo e depressão. Tudo isso é resultado do clima de violência e insegurança na cidade", afirmou.

Somente nos primeiros 10 dias deste ano, cem pessoas foram mortas em crimes associados ao crime organizado e ao tráfico de drogas.

De acordo com Toyes, em um primeiro momento, o governo mexicano declarou guerra contra os cartéis e decidiu militarizar a cidade como parte de medidas especiais para conter a violência promovida pelo narcotráfico na região. No entanto, apesar do grande número de militares e policiais federais nas ruas de Ciudade Juárez, os crimes relacionados ao tráfico –extorsão, sequestro e homicídio—continuaram a aumentar.

“A estratégia empreendida pelo governo em Juárez não tem funcionado, porque em vez de oferecer soluções, contribuem para a espiral de violência, ilegalidade e violação dos direitos humanos. A questão não é colocar mais policiamento nas ruas, mas garantir, de forma eficaz, a prisão de criminosos e uma punição de acordo com o tipo de crime”, disse.

Segundo Toyes, os cartéis de droga disputam entre si o controle do crime em Ciudad Juárez. “Existe uma guerra, em que um grupo do crime organizado tenta se apoderar de locais e outro não cede. Assim eles matam uns aos outros”.
Economia

De acordo com estimativas da Confederação dos Empregadores do México, nos últimos dois anos foram fechadas pelo menos 10 mil empresas, o que inclui o pequeno comércio e indústrias, de todos os setores em Ciudad Juárez.

“As pessoas deixam para trás suas casas, que ficam abandonadas e viram espaços para os criminosos. Além disso, centenas de empresas foram fechadas e as taxas de desemprego subiram muito”, afirmou.

Segundo Toyes, mais de 400 grandes restaurantes foram fechados no mesmo período e grande parte deles foi transferido para cidades menos violentas como El Paso, no Texas e Las Cruces, no Novo México.

Segundo dados do INEGI (Instituto Nacional de Estatística e Geografia), o cenário de desemprego se agravou muito nos últimos cinco anos. Em 2005, o número de trabalhadores sem emprego não ultrapassou 3% e, em 2009, essa taxa chegou a 8,4%.

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