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candidata derrotada do PV ao Palácio do Planalto, Marina Silva, apresentou nesta sexta-feira (8) o documento que servirá de base para conversas sobre um possível apoio da verde aos presidenciáveis Dilma Rousseff (PT) ou José Serra (PSDB) no segundo turno. Além disso, a ex-ministra do Meio Ambiente repetiu, ao ser questionada, que “o Brasil está preparado para ter uma mulher na Presidência da República”.
No entanto, a senadora pelo Acre não explicitou apoio à ex-ministra da Casa Civil, candidata do partido pelo qual Marina militava até o ano passado, nem a Serra, que tem a preferência de membros da cúpula do PV. “Cabe a quem está na disputa convencer o eleitor. Não sou eu quem vai falar”, disse ela, que contou com cerca de 19% dos votos no primeiro turno.
A peça apresentada pelo PV, intitulada “Agenda por um Brasil Justo e Sustentável” contém propostas abordando dez temas distintos, que vão da transparência nos gastos públicos a uma proposta de reforma política e ao aumento do investimento na educação. A redação do programa foi concluída nesta tarde por uma comissão nacional do partido.
“Não existe uma garantia a priori do que vai ser feito por alguém que chegar ao governo”, afirmou Marina ao comentar sobre possibilidade de aplicação do programa por quem suceder o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Da nossa parte, havia um compromisso. E é por esse compromisso que estamos lutando.”
Compareceram à entrevista o presidente do PV, José Luiz Penna, o vice, Alfredo Sirkis, e o candidato derrotado do partido ao governo de São Paulo, Fábio Feldmann. Os dirigentes afirmaram que nenhum dos pontos do documento é prioritário e garantiram que a discussão com os candidatos restantes “será programática”, apesar de admitirem que não há consenso no partido em torno do nome a ser apoiado.
“Reconheço que é difícil [termos posição unitária]”, afirmou Penna. “Mas ainda tenho fé que a quantidade de pessoas que se manifeste contrariamente [à unidade] seja pequena”, disse.
Propostas
O documento, que, segundo Marina, será utilizado em “uma eventual interlocução com Dilma e Serra”, traz propostas de reforma política, com adoção do voto distrital misto e financiamento público de campanha. Para a educação, o texto prevê o aumento do investimento na área para sete por cento do PIB e a erradicação do analfabetismo até 2018, entre outros pontos.
Na área de segurança pública, a principal proposta é a criação de um fundo nacional “para complementar os salários dos policiais civis e militares”. No meio-ambiente, que dá a Marina suas principais bandeiras, o destaque é o veto a propostas do código florestal que promovam “anistia a desmatadores”. O trecho se refere à sugestão apresentada pelo deputado Aldo Rebelo (PCdoB), que tramita no Congresso.
Além disso, o documento fala em uma reforma tributária que simplifique impostos e também em uma política externa “orientada pela promoção da paz”.
Fisiologismo
A ex-ministra do Meio Ambiente foi questionada sobre uma suposta negociação de cargos que membros do partido teriam realizado com Serra, para o caso de eleição do tucano. Vice-presidente do PV, Sirkis reafirmou o caráter programático das propostas, mas admitiu que integrantes do partido recorrem à negociação de cargos em troca de apoio.
“Não que todo mundo do PV tenha essa visão [programática]. Mas hoje ela é, sem dúvida, hegemônica”, disse. No dia 17 deste mês, a sigla decidirá se apoiará um dos candidatos à Presidência em uma convenção nacional. Marina não especificou se a aceitação do documento pelos presidenciáveis será decisiva para o apoio. “Nós vamos para uma convenção. Até lá, vamos ter um debate”, disse.
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