Na noite de quinta-feira, a corregedora nacional de Justiça, Eliana Calmon, suspendeu o bloqueio do dinheiro e determinou a abertura de uma investigação no CNJ contra duas magistradas que autorizaram a operação. "Há indícios de utilização da magistratura paraense para a prática de golpes bancários", disse Eliana. "Não se sabe se a magistrada agiu em prol da quadrilha. Talvez tenha agido por ingenuidade ou desconhecimento. O que se sabe é que é uma quadrilha que forja documentos." Há ainda um agravante. De acordo com informações do CNJ, o processo desapareceu.
Para conseguir a indisponibilidade do dinheiro do BB, Francisco Nunes Pereira teria apresentado documentos falsos alegando que tinha direito aos recursos por usucapião. Sustentou que a quantia fora depositada em sua conta por um desconhecido e que lá teria ficado por mais de cinco anos. O banco afirma que os recursos nunca existiram.
Segundo a corregedora, a prudência judicial recomenda que em casos envolvendo tanto dinheiro seja ouvida a outra parte antes de tomada uma decisão que resulte em "vultosos prejuízos" para o banco e para seus milhares de acionistas. Conforme Eliana, a juíza da 5.ª Vara Cível de Belém, Vera Araújo de Souza, que determinou o bloqueio dos recursos do Banco do Brasil, teria declarado "haver sofrido pressão de cima, não esclarecendo de quem e relativamente a que, especificamente". A reportagem tentou entrevistar a juíza por telefone, mas não obteve sucesso.
Em seu despacho, Eliana citou um laudo assinado pelo perito criminal José Cândido Neto segundo o qual existiam "inúmeras falhas na documentação" e ressaltou a rapidez com que a decisão foi tomada. O bloqueio foi determinado em cinco dias. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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