quarta-feira, 4 de maio de 2011

Apesar de estudo, recomendação de ingestão reduzida de sal deve ser mantida, diz especialista


A recomendação da Organização Mundial de Saúde sobre a ingestão de até 5g de sal por dia deve ser mantida, apesar da publicação de recente estudo que indica que o consumo de sal não está relacionado à hipertensão. É o que diz a médica nefrologista Frida Plavnik, porta-voz da Sociedade Brasileira de Hipertensão. “Este é mais um estudo para entrar em uma briga. Há quem fale a favor, tem quem fale contra. Não acredito que ele tenha uma metodologia suficiente para ter o impacto que propõe. ”, explica.

Um estudo europeu comparou informações de 3.700 pessoas em oito anos e concluiu que as que ingeriam mais sódio (presente no sal e indicado como responsável pelo aumento da pressão) não estavam mais propensas a ter hipertensão e ainda tinham menor risco de morte por doenças cardíacas. A pesquisa foi publicada no "JAMA" (Journal of American Medical Association).

Para a médica, a pesquisa falha ao usar urina para detectar o consumo do sódio dos pesquisados e por usar uma única medida de pressão. “Coletar urinar para detecção de sódio é tão cheio de variáveis que não costumamos usar nem em pacientes e raramente em pesquisas. O sódio fica dentro e fora das células, então é difícil avaliar sua ingestão pela excreção”, afirma.

Plavnik destaca ainda que o consumo de sódio não é o único responsável pela hipertensão, que leva à maioria das doenças cardíacas. “A hipertensão têm caráter predominantemente genético. É o fator hereditário que vai modular a resposta do rim para uma maior ou menor absorção do sal. Além disso, o excesso de peso e o sedentarismo interferem na pressão arterial”, conta.

Segundo ela, as organizações mundiais consideram as evidências: com o maior consumo de alimentos ricos em sal há maior retenção de líquido, o que aumenta o volume sanguíneo e piora a hipertensão. A Organização Pan-americana de Saúde fez uma recomendação assinada pelas Sociedades Brasileiras envolvidas no combate à pressão alta para que se chegue a um consumo de 5 gramas de sal por dia com uma redução gradativa até 2015 ou 2020. Hoje, os brasileiros consomem 12 gramas por dia de sal, mais do que o dobro aconselhado.

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