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De acordo com o Ministério da Saúde, brasileiros consomem, em média, 9,6 gramas diárias de sal, quase o dobro do recomendado pela OMS
A indústria alimentícia e o Ministério da Saúde firmaram ontem um termo de compromisso de redução gradual na quantidade de sódio de 16 tipos de alimentos. As primeiras reduções vão ocorrer com massas instantâneas, pães e bisnaguinhas, a partir de 2012.
Massas instantâneas deverão ser produzidas a partir do ano que vem com teor de sódio 30% menor do que o atualmente apresentado. Pães e bisnaguinhas virão com redução de 10%. O cronograma prevê diminuição do uso do sódio até 2020 (mais informações nesta página). Segundo o Ministério da Saúde, o brasileiro consome, em média, 9,6 gramas diárias de sal. A Organização Mundial da Saúde recomenda que consumo máximo não ultrapasse 5 gramas diárias. O excesso de sal na dieta está associado a maior risco de doenças como hipertensão, problemas cardiovasculares, renais e cânceres.
Atualmente, cada 100 gramas de macarrão instantâneo produzido no Brasil apresenta entre 2.036 e 4.718 miligramas de sódio. No Canadá, a média de sódio é de 926,9 miligramas a cada 100 gramas do produto.
No caso do pão de forma, os índices dos produtos brasileiros também são expressivamente maiores. Enquanto no Canadá a média varia de 361 a 526 miligramas de sódio a cada 100 gramas do alimento, no Brasil, a mesma quantidade do produto traz entre 437 e 796 miligramas.
A implementação do acordo será acompanhada pelo Ministério da Saúde e pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Ao longo do processo, o governo deverá fazer estudos para avaliar os reflexos da redução nos indicadores da saúde.
O presidente da Associação Brasileira de Indústrias de Alimentação, Edmundo Klotz, afirmou que ainda não foi avaliado qual será o impacto no sabor da redução de sódio dos produtos. Ele disse estar convicto, no entanto, de que alternativas adequadas serão encontradas. "Já fizemos isso com relação à gordura trans", lembrou. Um acordo firmado entre 2007 e 2010 permitiu a redução de 230 mil toneladas da substância - associada a um maior risco de doenças cardiovasculares - a alimentos industrializados.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, disse que pactos firmados entre governo e setor produtivo são estratégia ideal para incentivar a adoção de hábitos saudáveis.
O ministro evitou fazer comentários sobre a medida proposta pela Anvisa de inclusão de avisos de advertências nas embalagens de alimentos com altos teores de açúcar e gordura - substâncias que, assim como o sal, quando ingeridas em quantidades excessivas, podem aumentar o risco de problemas de saúde, como obesidade e doenças cardíacas. "Esse é um debate que está sendo feito. O importante é reforçar a informação para população", afirmou.
Atividade física. O ministério anunciou ainda o lançamento de um programa para estimular a prática de atividade física, o Academia da Saúde. A proposta permite a criação de espaços para prática de atividades individuais e coletivas, com participação de profissionais que trabalham no Estratégia de Saúde da Família. O ministério, no entanto, não informou quanto será destinado para esse programa. Os recursos virão de emendas parlamentares. Também ontem, a pasta colocou em consulta pública a metodologia para criação de um novo indicador sobre qualidade do atendimento de saúde e da satisfação da população com serviços prestados. A proposta ficará em consulta pública por 60 dias.
Alimentos naturais já contêm o mineral
O sódio, embora seja popularmente associado ao sabor salgado, funciona como conservante para os alimentos industrializados. Ele também é usado para enaltecer o sabor, mesmo dos doces. Além do sódio adicionado no preparo industrial, há também o sódio natural dos alimentos e, ainda, o sal que se coloca no prato, na hora de comer. No final do dia, portanto, a conta é alta.
O sódio em excesso faz mal porque ele deve estar sempre em equilíbrio com a quantidade de água presente no sangue. Quando está sobrando, o organismo atua para restabelecer o equilíbrio, tirando água de dentro das células para diluí-lo. Com esse aporte de água, o volume de sangue aumenta, elevando a pressão dentro das artérias e favorecendo o surgimento das doenças cardiovasculares.
Além disso, o sal em excesso é responsável pela retenção de líquido e pela formação de edemas pelo corpo. Alguns médicos também relacionam o exagero ao câncer de estômago e à osteoporose.
Apesar de estar associado a diversas doenças se ingerido em excesso, o sódio desempenha uma importante função no corpo. Ele ajuda a regular a pressão osmótica, que é o mecanismo que controla a quantidade de água nas células. O risco de ingerir uma quantidade insuficiente do mineral é pequeno. Sem qualquer adição de sal, carnes, peixes, derivados de leite e vegetais - sobretudo feijão, tomate e alface - fornecem ao corpo a quantidade mínima necessária por dia.
Até o pote de iogurte light traz sódio demais
Em fevereiro, uma pesquisa norte-americana incluiu até o refrigerante light entre os vilões do sódio. A bebida, embora pouco calórica, contém mais sódio do que a versão tradicional. O estudo, feito pela Universidade de Miami e apresentado em congresso médico nos EUA, relacionou a ingestão exagerada da bebida a um risco aumentado de passar por enfarte ou acidente vascular cerebral (AVC).
Uma lata de refrigerante à base de cola (350 ml) do tipo zero açúcar, por exemplo, tem 49 miligramas de sódio. A maior concentração de sódio nas linhas diet e light pode ser explicada pela adição do ciclamato de sódio, um tipo de adoçante. Um pote de iogurte light com 170g, que parece inofensivo, carrega 122 mg de sódio, quase a mesma quantidade existente em três biscoitos de água e sal. Um pacote de suco em pó light (10 gramas) tem 125 miligramas de sódio.
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