domingo, 17 de julho de 2011

Chefe da polícia de Londres renuncia por vínculo com Murdoch

Aqui no Brasil, as Autoridades confessam os erros, os crimes, são exibidas gravações deles com a mão na butija e não acontece NADA. Lá fora os caras renunciam, pedem pra sair. Eles têm honra, tem vergonha. Nós Não.

Quando esse país vair tomar jeito de Nação? Quando os políticos, policiais, servidores públicos pagos com o nosso dinheiro vão tomar vergonha na cara e serem corretos?


O chefe da Polícia Metropolitana de Londres, Paul Stephenson, renunciou neste domingo, após denúncias de que tinha ligação direta com um ex-editor do tabloide "News of the World", do magnata da mídia Rupert Murdoch, suspeito de ter pago propina a policiais em troca de informação.

O comissário-chefe foi duramente criticado nos últimos dias por sua ligação com o ex-editor do "News of the World" Neil Wallis, preso nesta semana em meio às investigações do escândalo.

Stephenson teria contratado Wallis como consultor de relações públicas da polícia por um ano, até setembro de 2010. Wallis trabalhou como editor adjunto do tabloide em 2003 junto com o ex-diretor Andy Coulson antes de ser nomeado diretor executivo em 2007.

Em uma declaração pública, Stephenson defendeu suas ações e diz que seus encontros com Wallis, a quem conheceu em 2006, são de registro público. Disse ainda que a relação foi mantida apenas "por propósitos profissionais".

Ele nega ainda que tenha exercido qualquer papel na contratação de Wallis pela polícia londrina.

"Eu ouvi críticas de que nós deveríamos ter suspeitado do suposto envolvimento de Wallis nas escutas telefônicas. Deixe-me dizer inequivocamente que eu não tinha razão alguma para fazê-lo. Eu não ocupava uma posição no mundo do jornalismo. Eu não sabia da extensão desta prática desgraçada e da repugnante natureza da seleção de vítimas que está emergindo agora e nem de seu aparente alcance a níveis altos".

Ele defendeu seu comportamento no cargo e explicou que sua renúncia visa a evitar prejuízos para a ampla investigação policial sobre os grampos e escutas ilegais feitos pelo tabloide britânico, além das denúncias de suborno.

"Eu tomei esta decisão como consequência da especulação e das acusações em andamento em relação com as ligações da Met (Polícia Metropolitana) com a News International em um nível graduado, e em particular em relação com Neil Wallis", disse Stephenson.

"Não é hora de especulação. Mesmo uma pequena especulação sobre meu envolvimento é prejudicial [à investigação]", disse Stephenson, acrescentando que recebeu apoio do governo e que sentirá falta de "muitas coisas".

Neste domingo, alguns meios britânicos publicaram que Stephenson passou cinco semanas em um balneário de luxo e a conta teria sido paga por um jornalista.

A polícia afirma que a fatura foi paga pelo gerente do local, mas não explicou o motivo do generoso presente.

Stephenson reagiu ainda à critica de que a polícia não investigou a fundo as denúncias de grampo da primeira vez que surgiram, em 2006.

Com o agravamento da crise, diante de denúncias de que as escutas ilegais tiveram como alvo também vítimas de crime, familiares de soldados mortos em guerra e até mesmo um primo do brasileiro Jean Charles de Menezes, especula-se que Stephenson e outros trabalhavam para evitar que os grampos fossem investigados a fundo.

"Eu não tinha conhecimento ou envolvimento na investigação original dos grampos em 2006, que levaram de maneira bem sucedida à condenação e prisão de dois homens. Eu não tinha razão para acreditar que foi qualquer coisa que não uma investigação bem sucedida. Eu não sabia que havia quaisquer outros documentos em nossa posse da natureza que surgiram agora", disse.

BRASIL

Ex-deputado do castelo usou verba indenizatória para socorrer empresas de sua propriedade

Os brasileiros já se acostumaram com a criatividade de alguns políticos dos legislativos federal, estadual e municipal para torrar de forma ilegal a verba indenizatória, que deveria ser usada para o exercício de seus mandatos. Já houve parlamentar que lançou mão do recurso para custear viagens de passeio com a família, pagamento de impostos de seus veículos, financiamento de festas para eleitores, entre outros mimos. Mas ainda assim alguns conseguem surpreender. O ex-deputado federal Edmar Moreira, que ficou conhecido por ter sido dono de um castelo no interior de Minas, por exemplo, usou R$ 230 mil da verba indenizatória, em 2007 e 2008, para socorrer empresas de segurança, de sua propriedade, que estavam falidas.

O emprego inusitado da verba foi admitido pelo próprio parlamentar durante seu depoimento à Comissão de Sindicância, instaurada pela Corregedoria da Câmara, em março de 2009. No entanto, a confissão do socorro a empresas privadas com dinheiro público, em depoimento no dia 19 daquele mês à comissão (veja quadro), só foi revelada agora. Edmar Moreira, que ficou conhecido não só por ter sido dono de um castelo, mas também por trapalhadas quando assumiu a corregedoria da Casa, ao defender o fim do julgamento dos parlamentares no Conselho de Ética , disse ao relator da sindicância, à época deputado federal José Eduardo Cardozo (PT-RJ), hoje ministro da Justiça, que a verba pagou seu serviço de segurança naquele período porque as empresas estavam em estado de “pré-falência“.

A confissão, entretanto, custou caro a Edmar: em seu relatório, Cardozo foi duro e defendeu a instauração de processo disciplinar por quebra do decoro parlamentar, o que de fato ocorreu. Cardozo concluiu que ficaram configurados indícios de infringência ao decoro. E foi mais longe. Em um trecho do seu relatório, ele coloca sob suspeita a transação de venda de uma das empresas do então colega Edmar. E afirma: “De início, cumpre observar que resta comprovado que o representado apresentou à Casa, entre maio de 2007 e janeiro de 2009, notas fiscais de empresas que foram (Itatiaia) ou são (Ronda) de sua propriedade , das quais foram sócios apenas ele e sua mulher. Mesmo a empresa cuja propriedade foi transferida, o foi para um coronel da PM que trabalhara para o representado, em momento de grande dificuldade financeira (pré-falimentar) e com quitação plena e irrevogável, o que indica a possibilidade de configurar a tentativa de salvaguardar os bens dos sócios do concurso creditório prestes a se instituir”.

ROMBO Mas o tamanho do rombo nas empresas que pertenceram ao ex-parlamentar, derrotado nas eleições de 2010 é facilmente apurado numa simples pesquisa no site do Judiciário. De acordo com o Tribunal Regional Federal (TRF) da 3ª Região, em São Paulo, tramitam ali cinco ações de execuções fiscais, que totalizam dívidas com a Previdência no valor de R$ 53.187.967,25. Essas ações foram ajuizadas contra o ex-parlamentar e sua empresa F. Moreira Empresa de Segurança e Vigilância. Se não bastasse, a Empresa de Segurança de Crédito Itatiaia Ltda., que foi de sua propriedade, acumula dívidas de R$ 2.299.219,65 junto à Prefeitura de Belo Horizonte. Uma ação de execução fiscal, que está atualmente embargada, tenta cobrar o valor devido. Além disso, em razão desse rombo, Edmar Moreira e sua mulher respondem, por decisão unânime do Supremo Tribunal Federal (STF), a processo pelo crime de apropriação indébita previdenciária.

Apesar de todos esses registros, Edmar Moreira conseguiu ser absolvido no processo disciplinar, sob a alegação de não existir uma norma na Câmara que proibisse a contratação de segurança por empresas de parlamentares. Mas o relator na Comissão de Ética, deputado Nazareno Fonteles (PT-PI), pediu a perda do mandato de Edmar e não poupou críticas à sua conduta. Em seu parecer, afirmou: “A necessidade de aplicação dos princípios da legalidade e da impessoalidade no contexto do caso que ora se analisa é manifesta: o deputado Edmar Moreira, em suas defesas, dá muita ênfase ao fato de não existir, à época, qualquer norma interna que proibisse expressamente usar a verba indenizatória para pagar serviços prestados por empresas de sua propriedade e, que em virtude disso, não haveria nenhuma irregularidade. A questão que se impõe é a seguinte: qual norma interna ou lei vigente no país, à época, autorizava essa prática ao deputado, de acordo com princípios da legalidade e da impressoalidade? A resposta é óbvia: nenhuma”. Procurado, o deputado Edmar Moreira não foi localizado pela reportagem.


O que é verba indenizatória:

Na Câmara dos Deputados, a verba indenizatória é de R$ 15 mil mensais, que podem ser usados pelos deputados em despesas de aluguel, manutenção de escritório, alimentação, serviços de consultoria e pesquisa, contratação de segurança, assinatura de publicações, TV a cabo, internet, transporte e hospedagem do parlamentar e de seus assessores, entre outras. O saldo não usado fica acumulado para o mês seguinte, dentro do limite de um semestre. Ou seja, a cada seis meses a conta é zerada. Pelo critério atual, o deputado só recebe de volta o dinheiro efetivamente gasto, comprovado por meio de notas fiscais.

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