terça-feira, 9 de março de 2010

Carros do Brasil não rodariam nos EUA ou Europa


A defasagem na segurança entre os automóveis vendidos no Brasil e aqueles comercializados nos países-sede das grandes marcas mundiais que atuam por aqui já é conhecida. E só faz aumentar. No mercado europeu, 100% dos carros são fabricados com airbag e ABS. Por aqui, só agora a Câmara dos Deputados aprovou a lei que obriga todos modelos nacionais a terem bolsas frontais -- mas só em 2012. Outras distorções são mais gritantes. Nos Estados Unidos, 75% dos veículos têm ABS e todos contam com bolsas infláveis. Na Europa, mais de 70% dos carros já saem também com airbags laterais e controle eletrônico de estabilidade. No mercado brasileiro, estima-se que apenas 25% deles possuam airbags e 15%, ABS. E aqui, invariavelmente, as marcas tratam itens de segurança como ferramenta de marketing. Ou seja, os usam como diferenciação dos modelos "top" -- quem quiser segurança, que pague por ela.

Detalhe: apesar do alto índice de equipamentos de segurança, na Europa não há obrigatoriedade legal. O mercado exige os equipamentos, pela consciência do consumidor -- ampliada pela propaganda da própria indústria. As marcas, por lá, mostram que tais dispositivos podem fazer muita diferença. Segundo estudos do NHTSA, órgão federal responsável por normas de segurança dos veículos nos Estados Unidos, o airbag pode reduzir o risco de fatalidade em acidentes em até 12%. Combinado com o cinto de segurança, pode diminuir em até 51% a possibilidade de morte em uma colisão.

"No Brasil, as pessoas preferem um carro com potência elevada a um item de segurança. Só que ferimentos e mortes custam muito caro para a sociedade como um todo", aponta Alberto Sabbag, diretor da Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego). Ou seja, quem não tem carro e paga imposto é penalizado pelos custos causados pelos acidentes de trânsito de quem tem, mas prefere incrementá-lo com um som de última geração ou rodas esportivas.

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